Cefaleia na mulher
A dor de cabeça (cefaleia) é mais comum na mulher, especialmente a enxaqueca, sendo importante a influência dos hormônios femininos. Das centenas de tipos de dor de cabeça, a enxaqueca é um dos mais comuns e então vamos discutir sobre ela.
A enxaqueca, também chamada migrânea, tem como características: evolução em crises que duram horas até o máximo de 3 dias, latejante, de um só ou dos 2 lados da cabeça, associada a náuseas, vômitos, a claridade ( fotofobia) e sons ( fonofobia) incomodam muito, piora com esforços, por isso o paciente procura ficar de repouso em local escurecido e em silêncio. Em 30/40% das pessoas a cefaleia vem precedida de sintomas como manchas visuais geralmente brilhantes (aura visual). Costuma iniciar na infância ou na adolescência.
De caráter familiar, quase sempre existem outros familiares com enxaqueca e a transmissão é do lado materno na maioria.
A partir da puberdade a enxaqueca torna-se mais frequente no sexo feminino (18%) do que no masculino (6%). E esta diferença perdura por toda a vida e aumenta mais ainda na mulher entre 30 e 40 anos. Na menopausa a prevalência diminui e a mulher pode ser ver livre da dor.
É comum a enxaqueca ocorrer no período perimenstrual, quando também pode ser mais intensa. Há casos em que a enxaqueca só acontece neste período, iniciando nos 2 dias antes e indo até o terceiro dia da menstruação. Dor de cabeça neste período pode não ser enxaqueca e sim cefaleia própria do quadro de tensão pré-menstrual.
A relação com contraceptivos orais é variável e na maioria não há exacerbação da enxaqueca, mas isto acontece em algumas mulheres. Há certa preocupação dos médicos com o uso de contraceptivos nas mulheres enxaquecosas pelo potencial risco de desenvolver acidente vascular cerebral. Maior risco ainda se a mulher é fumante, obesa, diabética e hipertensa.
A gravidez promove redução das crises nos primeiros meses em quase todas as mulheres (60/70%). Se houver necessidade de uso de medicação para enxaqueca na gravidez, existem recomendações específicas para se utilizar medicamentos com menos riscos para mãe e para o feto. A hipertensão arterial e infecções podem ser causas de cefaleia na gravidez e há 10% de possibilidade de outras causas neurológicas mais sérias. É importante o acompanhamento de neurologista para diagnósticos diferenciais.
No período pós-parto a enxaqueca costuma ressurgir nas primeiras semanas e, neste caso, o médico deve ficar muito atento porque pode não ser enxaqueca e sim uma outra causa de cefaleia, porque neste período existem algumas possibilidades de complicações.
A amamentação deve ser incentivada e pode até ter efeito favorável sobre a enxaqueca. Se houver necessidade de medicamentos, o médico deve escolher aqueles que tem menor taxa de excreção pelo leite.
No período que antecede a menopausa, a enxaqueca pode aumentar a frequência de crises, mas depois quase sempre há supressão para a maioria das mulheres. Entretanto naquelas que a menopausa foi promovida por cirurgia, a enxaqueca pode não dar tréguas.