Neurologista CRM 770

Síncope ou Desmaio

SÍNCOPE, o popular DESMAIO,  Pode ser um evento único mas costuma ser repetitivo e depender de alguns fatores desencadeantes.

Por PRÉ-SÍNCOPE ou LIPOTÍMIA entende-se uma sensação inicial igual da síncope mas não chega à perda de consciência.

Quase sempre a perda de consciência vem precedida de cabeça leve, escurecimento visual, suor, fraqueza, náuseas ou tonturas, então a pessoa percebe que pode desmaiar. Este conjunto de sintomas premonitórios constitui os pródromos. Neste instante a pessoa pode avisar a alguém próximo ou tomar medidas preventivas como veremos mais adiante.

Quando há perda de consciência, o corpo amolece todo e, se estiver de pé, a pessoa pode cair e até ferir-se. Durante o período de inconsciência, a pessoa fica pálida, não responde, olhos abertos, amolecida. Raramente pode haver rigidez e movimentos como abalos musculares ou mesmo uma convulsão. Em minutos a consciência volta e se faz a recuperação completa.

Pode haver fatores precipitantes como jejum prolongado, muito calor, após banhos quentes, fortes emoções, dores, ver sangue etc. Quase sempre ocorre com o paciente de pé.

Este quadro clínico que acabei de descrever é o mais frequente tipo de síncope que corresponde à SÍNCOPE NEURO-MEDIADA OU VASO-VAGAL OU NEURO-CARDIOGÊNICA. Trata-se de um reflexo neural que provoca queda de pressão e/ou bradicardia, com diminuição de fluxo de sangue ao cérebro, o que provoca a perda de consciência. Esta síncope pode iniciar na infância e na adolescência.

Os pródromos indicam a diminuição inicial do fluxo de sangue ao cérebro. Neste instante a pessoa tem que tomar medidas para evitar a perda de consciência. 1. Deitar onde estiver com a cabeça horizontal e pernas elevadas 2. Agachar colocando a cabeça entre os joelhos. As mãos por cima da cabeça empurrando-a para baixo e a cabeça empurrando para cima.3. Se não puder deitar ou agachar, cruzar as pernas forçando uma contra a outra e comprimindo o abdome com os braços. Se tiver alguém por perto, avisar e pedir ajuda, mas não tente caminhar. Essas manobras costumam ter efeito imediato, mas se se levantar logo, pode voltar a sentir-se mal, melhor permanecer mais tempo em posição preventiva.

Mas a síncope pode ter outras causas tornando-se importante uma investigação cuidadosa. Pode ter origem cardíaca, principalmente se a perda de consciência é abrupta, sem pródromos, se a pessoa percebe batimentos cardíacos diferentes ou se a síncope ocorrer quando deitado. Arritmias, bloqueios e outras doenças cardíacas podem provocar síncopes. PORTANTO SEMPRE HÁ NECESSIDADE DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO POR CARDIOLOGISTA.

Raras vezes a síncope pode ser desencadeada por estímulos específicos como tosse, deglutição, risadas, micção e após exercícios mais fortes.

Há um conceito popular que a queda da glicemia no sangue (hipoglicemia) pode ser a causa de síncope mas isso não é comum embora tenha que ser descartada com exames apropriados.

Medicamentos em uso podem ser provocadores de crises, especialmente os que tratam pressão alta e outros que atuam na função cardíaca e, se confirmado, devem ser substituídos.

Do ponto de vista neurológico, 2 condições tem que ser excluídas: crises epilépticas e acidente vascular cerebral (AVC). Se a síncope for convulsiva cria-se bastante dificuldade no diagnóstico diferencial. A presença de pródromos da síncope, a descrição do tipo de crise por pessoas presentes e a rápida recuperação, são elementos diferenciais importantes. Quanto a AVC, a breve duração da perda de consciência e a recuperação imediata também sugerem síncope, porque no AVC a perda de consciência só ocorre em casos graves e então é prolongada.

Na investigação de síncope são importantes exames laboratoriais gerais e outros orientados pelo neurologista e cardiologista. O EEG e a ressonância magnética do crânio são sempre realizados e são normais na síncope vaso-vagal. O tilt test (teste da inclinação) é bastante útil para demonstrar a presença do reflexo vaso-vagal com queda da pressão e/ou bradicardia durante a execução do teste.

O tratamento depende da causa mas, se for vaso-vagal, evitar fatores desencadeantes se conhecidos, as medidas preventivas e atividade física especialmente orientada, podem resolver sem necessidade de medicamentos.

 

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