O Sistema Nervoso Central se compõe de ENCÉFALO e MEDULA ESPINHAL.  O ENCÉFALO é contido dentro do crânio e é dividido em 3 porções: cérebro, cerebelo e tronco cerebral. A medula espinhal fica dentro do canal vertebral.

ENCEFALITE é o nome que se dá quando há inflamação ou infecção no encéfalo e MIELITE quando acontece na medula espinhal. Quando ambos são comprometidos chama-se ENCEFALOMIELITE.

A encefalite pode ser aguda, subaguda ou crônica, mas a mais frequente é a aguda que se manifesta em horas ou poucos dias. Os sintomas desta afecção é algum grau de alteração da consciência, desde confusão, sonolência ou torpor; pode haver também distúrbio de comportamento. Dor de cabeça pode acontecer. Convulsões ocorrem em alguns casos, assim também sinais focais como fraqueza de um membro, alteração da fala, alterações visuais entre outros, porque depende onde a inflamação atingiu mais. Como a causa mais frequente é infecciosa, quase sempre o paciente tem febre, o que é um sinal muito importante para se pensar em encefalite. Em algumas viroses podem surgir alterações na pele (erupções avermelhadas ou vesículas).

A encefalite pode ocorrer em qualquer idade, é mais frequente em crianças e idosos e é uma condição grave que deve ser diagnosticada e tratada o mais brevemente possível.

A avaliação neurológica demonstra o rebaixamento da consciência, as alterações comportamentais e a presença de algum sinal do comprometimento do encéfalo como os déficits motores e/ou sensitivos, de linguagem, de coordenação e equilíbrio, presença de movimentos anormais, perda de olfato e gosto.

Exames laboratoriais de sangue são necessários para demonstrar a natureza infecciosa e para identificar o agente causador da doença. Pesquisa de agentes infecciosos em swab nasal ou de secreção respiratória.  O exame do líquido cefalorraquidiano (líquido da espinha) é fundamental para confirmar a encefalite e também pode demonstrar o agente causal. Ressonância magnética do crânio ajuda no diagnóstico, tanto para confirmar a encefalite como para diferenciar de outras doenças semelhantes.  Eletroencefalograma (EEG) pode ser útil para demonstrar alterações da função cerebral e presença de atividade potencialmente convulsiva.

A encefalite pode ser causada por uma enorme variedade de agentes, seja vírus, bactérias, protozoários ou fungos. Existe mesmo encefalite não infecciosa quando a causa é de outra natureza como processos inflamatórios, principalmente aqueles de natureza autoimune, as chamadas ENCEFALITES AUTOIMUNES.

Os vírus são os agentes mais comumente provocadores de encefalites. Os que tem mais facilidade de penetrar no encéfalo para produzir sua inflamação são os da família herpes. O herpes simplex é muito difundido na população e se apresenta como feridas nos lábios e/ou nos órgãos genitais. O herpes zoster é um habitante comum do corpo, que se manifesta ocasionalmente como inflamação de um nervo produzindo muita dor no seu trajeto, com surgimento de vesículas na pele. O citomegalovírus e o Epstein Barr também podem provocar  encefalites.

Coronavirus (COVI-19) é uma causa de encefalite seja por agressão direta do virus ou através de infiltrado inflamatório produzido no organismo pelo vírus e que penetra no sistema nervoso central. O quadro clínico pode ter intensidade variável, de leve a grave e deixar sequelas.

O vírus do HIV é também uma possibilidade mas não costuma provocar encefalites agudas. Outras famílias de vírus podem também invadir o Sistema Nervoso Central e produzir encefalites ou mielites ou ambas, mas são de ocorrência menos comum e boa parte tem proteção pelas vacinas. Como exemplos arbovírus e enterovírus.

Bactérias podem raramente provocar encefalites como a listeria, o bacilo da tuberculose e outros como o Mycoplasma pneumoniae, assim também protozoários (toxoplasmose por exemplo) e fungos, mas não são habituais.

Encefalites autoimunes são reações inflamatórias provocadas por transtorno funcional do sistema imune, o sistema de defesa que passa a atacar o próprio organismo. São várias as doenças autoimunes, com diferentes alvos de ataque, como a artrite, a tireoidite, a asma etc. No caso da encefalite o alvo é o encéfalo e isso ocorre nas doenças neoplásicas ou sem causa específica. Há produção de substâncias patológicas (anticorpos) que atacam as células nervosas (neurônios) provocando déficits neurológicos variados.