Neurologista CRM 770

Meningites Bacterianas Agudas

O sistema nervoso central (SNC) é constituído pelo encéfalo (que fica dentro do crânio) e medula espinhal (dentro do canal vertebral). Todo o SNC é coberto por uma membrana chamada meninge.

A meninge se compõe de 3 camadas: a mais externa, aderida ao osso é a duramater; a segunda é a membrana subaracnóidea e a mais interna é a piamater, aderida ao encéfalo e/ou medula espinhal. Entre a membrana subaracnóidea e a piamater, circula o líquido cefalorraquiano ou liquor (conhecido como líquido da espinha).

MENINGITE é o nome que se dá a inflamação da meninge que é uma condição grave, que pode se estender ao encéfalo e/ou medula espinhal devido à proximidade anatômica.

A meningite pode ser causada por diversos agentes patogênicos como vírus, fungos, mas principalmente por bactérias. Muitas bactérias podem provocar meningites, mas as 3 mais frequentes são Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Neisseria meningitidis (meningococo) e Haemophilus influenzae. E para estas 3 bactérias existem vacinas muito seguras, com eficácia variando de 75 a 95%. As meningites bacterianas podem ocorrer em qualquer idade e em qualquer lugar do mundo.

A meningite aguda, como o nome indica, manifesta-se de modo agudo, em horas, com cefaleia (83%), vômitos, confusão mental ou rebaixamento do nível de consciência (71%), às vezes com convulsões ou sinais neurológicos como fraqueza de um ou mais segmentos. A febre é um indicador importante (74%). Dor no pescoço que se torna rígido (rigidez de nuca) (74%) é característico da irritação meníngea.

Em paciente idosos, acima de 65 anos, o quadro clínico pode ser diferente, febre pode não estar presente assim como cefaleia e rigidez de nuca. Aqui predomina a confusão mental e rebaixamento do nível de consciência, o que deve sempre levar a suspeita da doença. E um agente importante nesta faixa etária é a Listeria monocytogenes.

O exame neurológico costuma identificar a rigidez do pescoço quando se tenta a flexão do pescoço com o paciente em decúbito dorsal. O restante do exame pode ser normal, mas às vezes, pode-se encontrar alterações dependendo da situação neurológica de cada caso.

Exames laboratoriais de sangue são importantes porque quase sempre indicam o processo inflamatório/ infeccioso (leucococitose com desvio para esquerda) e podem identificar o agente causal através da hemocultura.  Estes exames também são úteis para diagnosticar comorbidades como diabetes e para avaliar os estados de nutrição e de hidratação e funções de outros órgãos.

O exame do líquido da espinha é fundamental para o diagnóstico, excluindo meningite se for normal. A proximidade deste líquido com a meninge promove sempre alterações na sua composição e nas meningites sempre mostra-se alterado com sinais inflamatórios e/ou infecciosos. A bactéria pode ser identificada pelo exame de bacterioscopia e cultura, definindo qual a medicação de escolha (antibiograma).

Exames de imagem com tomografia computadorizada ou, melhor ainda, a ressonância magnética pode auxiliar para visualizar a inflamação das meninges e identificar o estado do SNC se está livre ou não de complicações.

O tratamento deve ser o mais precoce possível e iniciado mesmo antes de se identificar qual é a bactéria envolvida. O antibiótico é escolhido de acordo com recomendações de sociedades médicas, podendo ser um ou mais, geralmente associado(s) a corticoide.

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